quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Segundas impressões

Primeiro gostaria de pedir desculpas ao Marcos pelo bandão no post. Era a vez dele de escrever, mas como ele anda meio ocupado, vou agitar o blog para não perdermos totalmente o ritmo.

Depois de 10 meses vivendo na Escandinávia, algumas imagens começam a se desenhar com mais clareza sobre os hábitos vikings. Primiero descobrimos que apesar da brancura, dinamarqueses, suecos e finlandeses são diferentes entre si. Inclusive naquilo que a gente menos espera, o físico. O que eu posso dizer, os dinamarqueses são mais altos, mas o pessoal do norte da Suécia tbm é bem alto. Aquilo que a gente considera loiro no Brasil, é castanho claro aqui. E etc.

Outra coisa engraçada é lidar com os estereótipos, muita gente aqui gosta de viajar pelo mundo, mas muitos suecos nunca foram à Finlândia, que é ali, do lado. Apesar de ser bastante comum pegarem o barco para lá para comprarem bebida. Sim, em águas internacionais a birita é mais barata. O estranho é que muitos ficam dentro do barco quando chegam em Helsinki. Outra coisa comum é entrar no carro, viajar pelo menos oito horas, cruzar a fronteira entre a Dinamarca e a Alemanha para... De novo, comprar birita. Eu atribuo todo esse esforço ao alto preço do álcool aqui e tbm ao systembolaget, que é a loja do governo, o único lugar onde vc pode comprar álcool.

Mas quando chega o inverno você entende o medo do governo com o alcoolismo. O inverno é deprimente. O dia além de curto não tem luz suficiente. 4 horas da tarde tá escuro como 10 da noite. O seu corpo quer hibernar e abrir o olho antes das 10 da manhã parece anti-natural. O frio é a coisa mais fácil de se lidar, roupa resolve. A falta de luz é deprimente. Temos que tomar vitaminas para compensar a falta de sol. Existem lâmpadas bio-alguma-coisa para enganar o seu corpo.

Se você não bebe e não pode dormir o dia todo, trabalha. Inclusive é muito estranho pois as lojas funcionam até mais tarde no inverno. Talvez já se preparando para a letargia geral. Aí a gente entende o afã com que os suecos vivem a primavera e o verão. No inverno as cores fogem junto com a alegria que eles falavam "hejsam"!

Outra coisa que é interessante é ver como a economia sueca é baseada na pão duragem. Nada aqui é de graça, então, nada se disperdiça. Não se joga nada fora nem se dá, vende-se. Uma bike nova custa em torno de 1000 SEK, uma bike fudida custa 800. É nonsense. Todo mundo guarda latinhas e garrafas para ganhar cerca de 1,00 SEK por cada ao retorná-las. Tem gente que diz que essa "pão duragem" é fruto de uma consciência ambiental. Que seja, mas o IKEA não deixa de ter milhões de frequentadores e as grandes "glasföretagen" misturam os componentes tóxicos para a fabricação dos cristais e vidros em outro lugar.

Mas uma coisa que eu gosto aqui é que o artesanato é valorizado. Você comprar algo numa feirinha significa que vai ser mais caro do que nas lojas, afinal, é único e foi feito à mão. Outra coisa que eu gosto é que nessa pão duragem dos suecos e os estacionamentos sendo quase todos pagos dentro da cidade, vemos uma montanha de bikes. O ar é uma beleza de se respirar. Até cidades grandes como Estocolmo não tem o barulho do trânsito de uma Brasília. E acho que talvez seja essa uma das razões que raramente vemos obesos por aqui.

Algumas coisas entretanto, sempre soam estranhas, mesmo depois de tantos meses aqui. Eu não coloco a salada de repolho em cima da pizza, por mais que os suecos façam cara feia. Preparar o final de semana nos mínimos detalhes com duas semanas de antecedência também me parece limitado e chato. Chamar o quentão de Glögg e tomar junto com biscoito de pimenta é engraçado. Cantar em sueco toda vez antes de tomar um trago é divertido, mas a gente só conhece uma música.