quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Segundas impressões

Primeiro gostaria de pedir desculpas ao Marcos pelo bandão no post. Era a vez dele de escrever, mas como ele anda meio ocupado, vou agitar o blog para não perdermos totalmente o ritmo.

Depois de 10 meses vivendo na Escandinávia, algumas imagens começam a se desenhar com mais clareza sobre os hábitos vikings. Primiero descobrimos que apesar da brancura, dinamarqueses, suecos e finlandeses são diferentes entre si. Inclusive naquilo que a gente menos espera, o físico. O que eu posso dizer, os dinamarqueses são mais altos, mas o pessoal do norte da Suécia tbm é bem alto. Aquilo que a gente considera loiro no Brasil, é castanho claro aqui. E etc.

Outra coisa engraçada é lidar com os estereótipos, muita gente aqui gosta de viajar pelo mundo, mas muitos suecos nunca foram à Finlândia, que é ali, do lado. Apesar de ser bastante comum pegarem o barco para lá para comprarem bebida. Sim, em águas internacionais a birita é mais barata. O estranho é que muitos ficam dentro do barco quando chegam em Helsinki. Outra coisa comum é entrar no carro, viajar pelo menos oito horas, cruzar a fronteira entre a Dinamarca e a Alemanha para... De novo, comprar birita. Eu atribuo todo esse esforço ao alto preço do álcool aqui e tbm ao systembolaget, que é a loja do governo, o único lugar onde vc pode comprar álcool.

Mas quando chega o inverno você entende o medo do governo com o alcoolismo. O inverno é deprimente. O dia além de curto não tem luz suficiente. 4 horas da tarde tá escuro como 10 da noite. O seu corpo quer hibernar e abrir o olho antes das 10 da manhã parece anti-natural. O frio é a coisa mais fácil de se lidar, roupa resolve. A falta de luz é deprimente. Temos que tomar vitaminas para compensar a falta de sol. Existem lâmpadas bio-alguma-coisa para enganar o seu corpo.

Se você não bebe e não pode dormir o dia todo, trabalha. Inclusive é muito estranho pois as lojas funcionam até mais tarde no inverno. Talvez já se preparando para a letargia geral. Aí a gente entende o afã com que os suecos vivem a primavera e o verão. No inverno as cores fogem junto com a alegria que eles falavam "hejsam"!

Outra coisa que é interessante é ver como a economia sueca é baseada na pão duragem. Nada aqui é de graça, então, nada se disperdiça. Não se joga nada fora nem se dá, vende-se. Uma bike nova custa em torno de 1000 SEK, uma bike fudida custa 800. É nonsense. Todo mundo guarda latinhas e garrafas para ganhar cerca de 1,00 SEK por cada ao retorná-las. Tem gente que diz que essa "pão duragem" é fruto de uma consciência ambiental. Que seja, mas o IKEA não deixa de ter milhões de frequentadores e as grandes "glasföretagen" misturam os componentes tóxicos para a fabricação dos cristais e vidros em outro lugar.

Mas uma coisa que eu gosto aqui é que o artesanato é valorizado. Você comprar algo numa feirinha significa que vai ser mais caro do que nas lojas, afinal, é único e foi feito à mão. Outra coisa que eu gosto é que nessa pão duragem dos suecos e os estacionamentos sendo quase todos pagos dentro da cidade, vemos uma montanha de bikes. O ar é uma beleza de se respirar. Até cidades grandes como Estocolmo não tem o barulho do trânsito de uma Brasília. E acho que talvez seja essa uma das razões que raramente vemos obesos por aqui.

Algumas coisas entretanto, sempre soam estranhas, mesmo depois de tantos meses aqui. Eu não coloco a salada de repolho em cima da pizza, por mais que os suecos façam cara feia. Preparar o final de semana nos mínimos detalhes com duas semanas de antecedência também me parece limitado e chato. Chamar o quentão de Glögg e tomar junto com biscoito de pimenta é engraçado. Cantar em sueco toda vez antes de tomar um trago é divertido, mas a gente só conhece uma música.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vem terminando o verão, o calor sai do coração...

É impressionante ver a mudança que ocorre no humor dos suecos com a chegada do verão. Aliás, eu acho que a felicidade começa com a primavera. Para mim que conhecia apenas duas estações, a seca e a chuvosa, foi impressionante ver ao vivo aquilo que os livros de geografia do primeiro grau da minha época (muito ruins, por sinal) tentavam nos ensinar: as características das 4 estações. Na primaveira as tulipas aparecem no começo e as outras flores no final. O verão, são 3 meses de férias. Muitas atividades elaboradas pela prefeitura da cidade para entreter os poucos que ainda se arriscam a ficar pela Escandinávia. Mas antes do povo entrar de férias vc vê a alegria estampada na cara de todo mundo. As pessoas voltam mais cedo para casa, vc vê gente na rua, todo mundo fazendo churrasco, pique-nique, os parques cheios no final de semana. É mesmo uma beleza. Para mim, uma surpresa ver que faz sol aqui e nessa época do ano, ele realmente esquenta.

Só para ilustrar, um dia de sol, fiz um pique-nique com minhas amigas no jardim botânico de Lund, um lugar muito bonito. Eu, como toda boa brasileira, achei que esse sol daqui não era de nada e não passei filtro solar, até porque estava com uma blusa de manga comprida onde só os ombros ficavam de fora. Além da primeira surpresa de realmente sentir calor, imagina a minha cara quando cheguei em casa e percebi que a única parte das minhas costas que ficou exposta estava quase roxa de tão vermelha. É, fiquei vermelha até na Suécia. Mas depois de toda essa alegria, no meio do verão, as pessoas simplesmente somem. Os alunos, a vida da cidade, viajam ou para encontrarem as famílias, ou simplesmente para terem algo divertido para fazer. A maior parte das coisas fecham, mas mesmo assim, tem como se divertir. Por exemplo, a gente comprou um cartão válido para os trens e ônibus da região por 3 meses para um número ilimitado de viagens por apenas 40 euros cada. A gente não conheceu toda a Skåne ainda, mas mesmo assim, valeu a pena.

Bom, oficialmente o verão já acabou, mesmo com alguns dias de sol, como hoje. Mas já é possível sentir frio de vez em quando e a capa de chuva passa a ser um acessório indispensável na vestimenta do dia a dia. Eu sempre dou sorte, quando fico com preguiça de calçar as botas de chuva, chove. Talvez eu mande um par de botas para Brasília e faça um experimento, quem sabe não chove por lá? Bom, voltando ao clima o outono é realmente aquele das ilustrções com as folhas caindo. Não diria apenas caindo, e sim, despencando. Tem pilhas de folhas por todo lado. Acho que os suecos só limpam as ruas onde passam carros pois pelas cilclovias e passagens de pedrestes é comum adarmos enfiando os pés nas folhas e escorregando ao pisar nas sementes caídas (nöter, se me lembro bem o nome em sueco). O sol também vai embora mais cedo, lá pelas 8 horas da noite.

Mas isso não é ruim, ou pelo menos não o tanto que eu esperava, mesmo tendo o aquecimento ainda desligado nessa época. O que eu achei chato mesmo é ver toda aquela alegria e tranquilidade indo embora da face das pessoas. Os alunos voltaram e muitos são bastante diferentes do clima habitual da cidade, calmo e tranquilo. Vejo a toda hora algum maluco super rápido de bicicleta sem usar a buzina para avisar que está passando. Eles tiram cada fino que vc tem vontade de jogar uma pedra só para ver se assusta o cara do mesmo jeito que ele te assustou. Os carros também voltam às ruas e o trânsito fica louco. Sim, porque Lund não tem ruas largas mesmo tendo ônibus enormes. E eu ouvi outro dia algo que até me fez lembrar o Brasil: buzinas impacientes para um cara sair mais rápido do sinal verde para ficar parado 5m adiante. Até a biblioteca está cheia e estressante. Acho que por isso fiquei mais chocada ao ver um doidinho surtando lá dentro. Será que o outono é a estação do stress? Todo mundo triste porque não tem mais férias e tem que voltar ao trabalho? Ou será que é a volta do frio e da chuva? E se o outono for assim o que me dira do mal falado "vinter".

sábado, 27 de agosto de 2011

Doutorado de Tolo

Eu sei que o blog foi criado para falar sobre a vida aqui na Suécia, mas vou aproveitar para falar sobre o famoso doutorado. Alias, as vezes eu fico me perguntando, por que cargas d'água eu resolvi fazer um doutorado. Eu até tento encarar esse troço como um emprego, mas não sei se é uma boa idéia porque eu me sinto muito mal pago, mas ao mesmo tempo não tenho mais aquela visão sonhadora sobre doutorado, academia e etc. Até tem seus pontos altos, mas no caso do meu toda vez que tenho uma notícia boa vem logo uma ruim para te botar para baixo. No meu caso depois de finalmente conseguir uma semana de bons resultados no laboratório e alguns “breakthough” no R (vai fazer análise de GIS em R, ninguém merece, mas agora consigo até plotar o mapa do brasil entre outras coisas). Ai recebo um e-mail sobre um artigo que publiquei (eba!) cobrando 1200 doláres :(. Isso me irritou profundamente, além de trabalhar que nem um doido para ter que publicar um artigo eu ainda tenho que pagar vai t#$% no c$. Ah Debinha a revista é Americana talvez você se divirta com esse fato. Para melhorar a situação eu fico sabendo sobre a cobrança depois que o artigo foi publicado e impresso na revista, e agora José? Tipo os caras nem para mandar a conta no hora de assinar o copyright, gente boa demais eles? Eu mandei dizer que não tenho essa grana, será que meu nome vai para o SERASA acadêmico? Será que agora com nome sujo na praça não vou mais conseguir publicar nem nas revistas que não cobram?

Será que é por isso que os brasileiros não conseguem publicar tanto, essa revista é qualis A e ai CAPES fiz minha parte vocês vão pagar a conta.

“Good Lord Doctorate thesis how you frustate me”


segue uma letra do Raul modificada por mim para ficar mais pessoal. A música é ouro de Tolo.



Eu devia estar contente

Porque eu tento ser doutor

Sou dito estudante respeitável

E ganho 11 mil coroas

Por mês...


Eu devia agradecer ao Senhor

Por ter tido sucesso

Na vida como estudante

Eu devia estar feliz

Porque consegui comprar

Um MacBook 2006...


Eu devia estar alegre

E satisfeito

Por morar em Lund

Depois de ter passado

Estresse por dois anos

Na Inglaterra....


Ah!

Eu devia estar sorrindo

E orgulhoso

Por ter finalmente publicado na vida

Mas eu acho isso uma grande piada

E uma tanto quanto ilusória...


Eu devia estar contente

Por ter conseguido

Publicar o meu mestrado

Mas confesso abestalhado

Que não sabia que ia custar tão caro...


Porque não foi fácil conseguir

E agora eu me pergunto “Pra que”

Eu tenho uma porção

De coisas bem melhores para conquistar

Do que um nome num pedaço de papel....


Eu devia estar feliz pelo Senhor

Ter me concedido o R

Pra fazer minhas análises

Sem ter que pagar ninguém

Ou fazer pirataria...


Ah!

Mas que sujeito chato sou eu

Que não acha nada engraçado

R, artigo, doutorado,

bolsa, laboratório

Eu acho tudo isso um saco...


É você olhar no espelho

Se sentir

Um grandessíssimo idiota

Saber que é um acadêmico ridículo,

Pobre, futuro desempregado

Que não sabe de onde vai

Vim a próxima bolsa...


E por ai vou para por aqui pois tenho uma festinha de despedidas das amigas da Drica para ir e preciso melhorar o meu humor.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mãos ao alto, vc está na Dinamarca!

Nós estamos morando na Suécia, mas a 40min de trem de Copenhague, na Dinamarca. A proximidade foi uma desculpa para as mais de 5 visitas que já fizemos a cidade. A mais bonita (até então) da Europa, segundo o Marcos. Muitas das vezes que vamos a Copenhague é para pegar alguém no aeroporto, ou visitar brasileiros que menosprezam Lund. :P Para eles! Lund é massa!

A questão é que sempre que voltamos de Copenhague, nossa conta bancária leva um susto. Sabe como é, duas pessoas vivendo com apenas uma bolsa de dourado, tem que levar as despesas na rédea curta. Anotamos TODOS os gastos numa planílha. Guardamos todos os comprovantes de gastos para não perdermos nada de vista. Mas mesmo assim, Copenhague sempre quebra as nossas pernas.

Durante muito tempo pensamos que isso acontecia porque a coroa dinamarquesa valia mais do que a sueca, só que mesmo tentando nos prevenir e dividindo os preços por três em vez de quatro, como fazemos aqui na Suécia, ainda ficávamos sem grana. Eu comecei a atribuir isso ao fato de Copenhague ser uma cidade cara, o que é praticamente um concenso. E desde então, fazemos o máximo para evitar passar por lá. No máximo, uma volta rápida, dentro do trem, em direção ao aeroporto.

Mas recentemente, quando levávamos mais uma trupe de brasileiros/ingleses para conhecer a capital dinamarquesa, com medo de ficar no vermelho, descobrimos o motivo do rombo. A Dinamarca cobra 3% de imposto no valor de cada compra feita com um cartão de crédito ou débito não dinamarquês. Pode? Mesmo com todas as parceirias entre a Skane e Copenhague, não tem como nosso cartão do banco ser considerado dinamarquês. Voilà, descobrimos o furo. Além de pagarmos 1/3 a mais por causa da diferença entre a coroa sueca e dinamarquesa, pagamos 3% a mais em cada compra.

Depois dessa desagradável surpresa, ainda notei que as mesmas lojas que tem em Lund e em Copenhague, lá na Dinamarca, cobram descaradamente mais caro pela mesma roupa. E nem tem a preocupação de mudar ou apagar o preço sueco da etiqueta. É, parece que Copenhague de novo, só se for para o Kastrup, o aeroporto.

Uma dica para quem está pensando em conhcer Copenhague: leve dinheiro em espécie e evite ao máximo usar seu cartão de crédito ou débito.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Doutorado Tri-Possante

O Dudu pediu para eu postar um post sobre como é o doc aqui na Suécia e como ando sem ideias (inclusive de como abordar a minha tese grgrgrgrgrgrgrgr) resolvi então falar de um tema mega divertido, doutorado em vários lugares do mundo. Bom no meu caso eu posso falar da minha experiência no Reino Unido (onde iniciei o meu doc), Brasil e Suécia (tudo bem que aqui é sanduíche), alias talvez podemos ver o meu doutorado como um Tri-Possante Brutus!


Vou então falar sobre o doc em ordem cronológica e vou tentar não detonar o sistema de nenhum dos países assim como não vangloriar nenhum deles, até porque eu acho que qual sistema é melhor depende do perfil do aluno. A minha experiência no Reino Unido não foi das melhores, primeiro que tive uns problemas pessoais e depois porque sou uma pessoa meio orgulhosa e teimosa (algo que eu melhorei bastante nos últimos anos). O problema que eu vi no sistema inglês é que se você for bolar um projeto do zero, mesmo em conjunto com seus orientadores (como foi o meu caso), é muito difícil de você conseguir terminar à tempo, que no caso deles é 3 anos. Você pode até pedir mais tempo mas você não terá bolsa nos meses excedentes .Tanto é que a maioria dos alunos no Reino Unido entram para o doutorado com um projeto previamente pensado pelo orientador, não só isso, mas também com dinheiro para execução do projeto (ou seja já foi previamente avaliado por outras pessoas). Isso significa que no geral o doc para eles é como se fosse um treinamento em pesquisa, um sistema que particularmente não tem o meu perfil. Mas se você só tem 3 anos, isso significa que você não tem o luxo de perder o 1 ano pensando em um projeto e executando um piloto, e portanto a melhor saída talvez seja entrar em um projeto já "thought out" pelo seu orientador. Outra saída é trabalhar que nem um maluco, entre 60-80 horas por semana, que era o que rolava quando tava lá para tentar compensar esse um ano a menos (era surpreendente o número de alunos no trabalho depois das 22:00). Claro que tem maluco que consegue bolar o seu projeto, consegue dinheiro e o executa em 3 anos sem ter que trabalhar entre 60-80 horas por semana, mas como disse depende do seu perfil, eu sou meio devagar e portanto não consegui me enquadrar no sistema inglês, até porque 1000 libras para trabalhar no mínimo 60 horas por semana ninguém merece.


No Brasil a gente tem 4 anos, tudo bem que tem as disciplinas, mas uma ou outra realmente tem uma carga horária bem pesada e na minha opinião no Brasil a gente tem mais tempo para pensar o projeto antes de executa-lo. Eu acho que tenho um perfil mais parecido com o Brasil, mas sei que agora que estou chegando ao fim estou um tanto quanto irritado de ter que escrever a minha tese em português, ou seja vou ter que traduzir os artigos o que querendo ou não dá um puta trabalho e perde o meu tempo e o da minha orientadora que também vai ter que ler a tradução.
O doc na Suécia tem um perfil parecido com o Brasil, são 4 anos de doc com disciplinas, mas se você apresenta trabalho em congresso você recebe créditos e as disciplinas aqui são todas condensadas o que também ajuda. Aqui é que nem na Inglaterra o orientador tem que conseguir pagar o salário e projeto do aluno e acho que a maioria dos meus colegas aqui são alunos de doc de um projeto previamente pensado já, mas vou averiguar isso. Mas o que eu gostei daqui é que os alunos são contratados pela universidade então o tempo de doc já conta para aposentadoria deles e se eles não arrumarem emprego, tem seguro de desemprego, já que eles tem o equivalente a carteira assinada aqui, podem até tirar férias. Outra coisa que eu gostei muito é que aqui a maioria dos alunos não trabalham 60-80 horas por dia, ou pelo menos se trabalham tudo isso trabalham uma boa parte em casa. Outra coisa são raras as teses em sueco, todas são inglês, na verdade a tese deles aqui é uma compilação dos artigos que foram publicados ou estão prontos para ser submetidos, inclusive o aluno não precisa ser necessariamente primeiro autor dos artigos. Pelas teses que eu olhei eles são primeiro autores em 2-3 dos 4-5 manuscritos presentes na tese. Na verdade o que eu gosto daqui é que o grupo de pesquisa tem uma coletividade muito grande, o que eu não experienciei no Reino Unido, onde os alunos eram muito individualistas e competitivos (eles queriam mais era que você se ferrasse para ter menos um na hora das bolsas de pos-doc). Os alunos aqui não ficam competindo entre si e todos tentam ajudar um ao outro, muito parecido com o que rola no laboratório da minha orientadora no Brasil. Isso eu acho muito legal daqui, mas o mais legal é que aqui você é visto como um colaborador e não como um aluno, portanto eu aconselho qualquer um a vim fazer doc aqui na Suécia.
Dudu fique a vontade para perguntar o que quiser, não sei se era bem isso que você queria saber sobre a minha experiência por aqui.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

É caro, mas funciona

Isso é uma das coisas que eu já percebi aqui na Suécia. A vida é cara, mas funciona. Tudo que vc tem que fazer, é viver a sua vida. Por exemplo, vc separa o lixo, e tem que separar direitinho, mas alguém vem buscar. Vc não precisa olhar no jornal os dias que recolhem o lixo assim ou o lixo assado ou se recolhem na sua região ou não. Eles tem latas separadas e os lixeiros recolhem o que eles tem que recolher no dia certo.

Outra coisa que me espanta sempre é o transporte público. Lund é uma cidade pequena se compararmos com o Brasil. Tem apenas 70mil habitantes sendo que 30 mil são estudantes da universidade. Mas tem trem para toda a Skane com uma frequência impressionante. Eu realmente acho uma pena o Brasil investir tanto em estradas, destruir nosso patrimônio natural por um modelo de transporte individualista, perigoso e poluente. Sem falar que os carros no Brasil são ruins e caros. Se eu não me engano, um Renaut Clio zero aqui custa por volta de 30 000 coroas, mais ou menos 7500 reais, acho que o combustível é mais caro, mas não é muito, deve ser 3 reais o litro da gasolina. Mas a vantagem é que vc realmente não precisa de carro. Por 70 reais mais ou menos eu vou e volto de Copenhague. Sem falar que no verão a passagem vale por 2 dias e eu posso ir para outras partes da Dinamarca alí perto.

Os ônibus são outra beleza. Andam devagar, cobrem toda extensão da cidade. Se vc mora fora do centro, pode pegar um ônibus diferente, amarelo, que passa até com mais frequência que os urbanos, os verdes. Além disso, os motoristas estão quase sempre bem humorados. O ônibus avisa o ponto em que está próximo e os pontos tem nomes. Normalmente de um ponto de referência próximo, como a biblioteca ou a praça. Existem placas com os horários e os pontos que o ônibus passa em todos os pontos que ele para. Outra coisa fantástica é que eles estão sempre na hora e vc pode entrar na internet e descobrir qual o ponto que ele passa, o ônibus que vc deve pegar para ir para um determinado lugar, quanto tempo a viagem demora e etc. E não é só isso, vc pode olhar o trajeto no mapa. Pode ainda ter um cartão de desconto das passagens pois não é barato. Uma passagem no ônibus urbano, que passa só dentro da cidade, é 17,00 coroas. Isso corresponde a 4,00 reais. Mas lembren-se, os ônibus são limpos, tem aquecimento e ar condicionado, são baixos então ninguém tem problema para subir no ônibus. Só que se vc tiver o cartão de disconto, o Jojo card (ou Jojo kort), a passagem cai de 17,00 coroas para 13,60, que são mais ou menos 3,40 reais. Isso se vc usar a modalidade de cartão de 20% de disconto. Mas se vc viajar em grupo, pode pagar com o seu cartão e o disconto é maior e se usar o cartão mensal, paga apenas 480,00 coroas e pode usar os transporte dentro da cidade o dia todo quantas vezes quiser, durante 30 dias. 480 coroas é mais ou menos 120,00 reais.

Quer dizer, se vc comparar, 120 reais é pouco para se locomover durante todo o mês e não gastar com combustível, nem estacionamento e poder voltar bêbado da balada sem colocar a própria vida em risco ou a de outros. Ter essa liberdade é tão bom que vc acaba viajando mais, conhecendo melhor a sua própria cidade. Aqui, como a gente anda à pé, toda hora descobre uma nova loja, uma nova padaria, um café. É muito gostoso. Eu acredito que seja bom para o comércio e para o governo também, pois querendo ou não as pessoas são obrigadas a andarem um pouco do ponto para o lugar onde querem ir. Além disso, como em Lund há ciclovias por toda parte, estacionamentos para bicicletas e bombas para encher pneu espalhadas pela cidade. Por isso muita gente prefere andar de bike. O investimento inicial é barato, vc não gasta com passagem e pode inclusive, colocar sua bike no trem caso queira roletar em outra cidade para conhecer melhor (nesse caso vc paga passagem, mas a bike não). O trânsito é tranquilo então não é problema andar de bike pela cidade e na maior parte do tempo, elas tem uma via exclusiva. Além disso, a maioria dos locais de trabalho, além do estacionamento para bicicletas, tem vestiário com chuveiro. O que facilita, caso vc tenha que trabalhar vestido formalmente. Então vc tem opções baratas e saudáveis. Eu particularmente acho um tanto quanto limitante/irritante viver dentro do carro.

Mas voltando ao transporte público sueco, além dos cartões normais, eles lançaram um de verão, jojo sommarkort, que nos permite viajar pelo estado de trem e de ônibus (tanto dentro das cidades quanto entre cidades) quantas vezes a gente quiser, durante dois meses. Quer dizer, um dia a gente pode entrar aleatoriamente em qq trem e escolher uma cidade qualquer aqui na Skane, almoçar e voltar. Imagina se vc pudesse ir de trem para Piri só para almoçar no festival gastronômico e voltar no mesmo dia? E o preço, bom, mais ou menos 120,00 reais por 2 meses de ônibus e trem à vontade. Eu até agora só fui para Malmö e Helsingbord, mas pretendo ir para a ilha de Ven, Ystad e outros lugares antes do meu sommarkort expirar.

Sobre os objetos fálicos que o Marcos comentou no post passado, eu falo em outro post, pois é um assunto totalmente diferente, mas o meu interesse por tais monumentos é exclusivamente pelo seu valor cultural.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Feriado na Suécia

Faz tempo que a gente não escreve no blog. A minha desculpa é a dita cuja da tese... é meus caros a ralação tá grande e o roquinha vai voltar que nem voltou de St. Andrews. Mas em compensação quase fechei uma aposta com meu amigo Lelê, faltou um aceite lelê e não vai rolar de tentar a mesma aposta esse ano, desisto! Agora to concentrando em engordar nesse verão para encarar o inverno.

Vamos a mais um post:
Tirando o Valborg que é um feriado realizado para comemorar o início da primavera e os malucos já tão tomando uma antes mesmo do café da manhã (lembra até carnaval a bagunça mas sem música) a gente tem achado os feriados aqui um tanto quanto pacatos. No sábado foi o Midsommar, onde os suecos aproveitam para cantar e dançar e comer, uma comemoraçao, até onde eu entendi, relacionado as primeiras coleitas e tem toda uma questão relacionada a fertilização da terra (deixo essa parte para drica que adora objetos fálicos).

Eu logo lembrei da minha cunhada Renata que é antropóloga e trabalha com fólclore (espero não ter cometido nehuma gafe) e pensei que ela não ia me perdoar senão fosse lá ver a dancinha. Até porque não participamos do Valborg, assim fomos tomar café na casa de um colega e logo percebemos que na verdade os parques iam estar cheio de moleques bebâdos e que apenas um parque estava aberto para poder haver um "crowd control". O mais doido é que os caras ficam tomando todas sem rolar uma musiquinha nadica de nada. Meu espiríto tá muito velho para esse tipo de coisa, já basta em Buenos Aires ter pego o primeiro dia da primavera onde tem uma multidão de moleques bebâdos no parque, você literalmente tropeça neles.

Mas voltando ao midsommar, a minha amiga de laboratório me falou para eu ir ao Kulturum que ia ter o pessoal dançando e ia rolar um picnic onde o pessoal ia estar vendendo umas cestinhas e tal, o melhor é que ia ser de graça. Mas antes tive que ajudar o meu amigo "ashagar" a fazer uns modelos mistos no laboratório fantasma (todo mundo tava curtindo o midsommar, mesmo sendo a véspera, alias os suecos gostam de emendar feriado, se é um feriado de meio-expediente vira o dia todo e se for na quinta eles imendam a sexta). Bom após lutar o MCMCglmm e fazer o "animal model" funcionar e se sentir como um estatístico de primeira linha eu falei para o Asghar que deviamos ir ver as dancinhas, afinal era de graça era midsommar e fizemos uma análise cabeluda ficar carequinha carequinha.

O Asghar que está a mais tempo na Suécia e tão fodido quanto eu, pois a bolsa dele é do Paquistão e ele também é casado, e para melhorar a situação com filhos achou um pouco esquisito a apresentação ser de graça - Rapaz tu tem certeza? Cara nada é de graça na Suécia tá muito esquisita essa história, mas se vc está dizendo...

Chegamos atrasado para ver a dancinha em 30 minutos e para nossa surpresa já tinha acabado a dancinha e para pirorar não era de graça era 120 kronor, mas no fim acabamos indo tomar um café na nossa querida cidade fantasma (Lund fica vazia por demais no verão).

Acabei escrevendo um post gigante mas no fim o que queria dizer é que na Suécia durante os feriados os suecos não saem de casa, ou se saem a gente precisa descobrir para onde. No dia seguinte ao da dancinha consegui convencer a Drica, mesmo doente tadinha, a ir comigo para Malmö almoçar na pracinha dos imigrantes. Malmö é a terceira maior cidade da Suécia e achei que deveriamos aproveitar o nosso sommarkort (fica para outro post) e ir almoçar nessa pracinha que meu orientador e vários colegas aconselharam a gente ir, porque tem comida do mundo inteiro e tal. Fomos bravamente mesmo com o vento gelado e a Drica doente e quando chegamos lá não tinha nada aberto nem restaurante nem chongas a cidade estava igual a Lund totalmente vazia!!!!!

To começando a achar que Lund, e malmö são iguais a múscia do of montreal "Oslo in the summertime" que vai mais ou menos assim "oslo in the summertime, the streets are strangely quite because everyone is away on holiday". Bom pelo menos vamos a Paris no verão, a Drica de férias e o roquitchas a trabalho, é meu filho o relógio biológico da minha tese tá tic-tac tic-tac, mas vai ser legal vou ao museu medir pardais. Infelizmente não vamos poder ir para Oslo in the summertime, mas quem sabe vamos passar um fim de semana no inverno. Mas antes precisamos descobrir o que tem de tão legal da saída a direita de Estocolmo (essa é para o Leo e Marina)
beijos, abraços e apertos de mão conforme a necessidade

terça-feira, 17 de maio de 2011

Suecos são vikings?

Eu ainda não conheço os suecos muito bem, mas acho que depois de 3 meses vivendo na Escandinávia e arranhando um pouco de sueco posso me arriscar a colocar algumas impressões nesse blog. Claro que as pessoas tem suas próprias personalidades e nunca podemos generalizar, mas eu vou falar de coisas que eu já vi vários suecos aleatórios fazendo e que pode-se então dizer que é quase um comportamento comum.

Bom, não sei se vcs conhecem o Obelix, personagem do Axterix que tem como frase de efeito "são loucos esses...!" e depois coloca o nome de algum dos povos que eles estão se relacionando na revistinha? Geralmente o Obelix fala dos romanos, mas as vezes eu olho para os suecos e penso "são loucos esses suecos!". Sabe porque? Faça chuva ou faça sol, nevando ou com um vento de 30km/h eles estão em cima da bike, correndo, passeando com o cachorro...

Hoje choveu muito enquanto eu voltava pra casa. Minha calça molhou toda, embora eu estivesse com uma capa de chuva e uma bota. Eu já estava pensando "m****", quando passa um sueco tranquilão andando de bike com uma mão só e usando a outra para fumar. Eu quase pensei em avisá-lo que estava chovendo porque ele parecia não ter se dado conta.

Outra coisa engraçada é quando um sueco está contando uma história e de repente não consegue explicar algo. Eles começam a fazer mímica e uns barulhos com a boca muito engraçados, como se estivessem dando língua. Mas eles realmente não são bons de mímica. É mais fácil entender os barulhos.

Bom, o que tem tudo isso a ver com os vikings? Sempre quando vemos os vikings retratados em desenhos, filmes e talz são sempre bravos e festeiros. Realmente é preciso bravura para sair de casa nesse clima e bom, com tantos contratempos naturais, nada mais normal querer festejar quando as coisas vão bem ou quando faz um pouquinho de sol. Mas ainda fico com uma pontinha de interesse em descobrir se eles não são mesmo é "porraloca" bem humorados.

"São loucos esses suecos"!?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A burocracia sueca é lenta, mas a vida, nem tanto

Bom, quando criei o título do blog estava pensando num movimento que uma vez um aluno (agora amigo) me apresentou, o slow life. É um estilo de vida que busca aproveitar ao máximo os prazeres da vida. Não é algo epicurista, pelo contrário, na minha opinião é mais um movimento por uma vida moderada - desacelerar um pouco. Slow food, usar a tecnologia somente quando necessário. Existem coisas no movimento que eu acho exageradas, mas a parte de desacelerar a rotina me agrada bastante. Até porque eu não gosto de ter um prazo curto.

Entretanto aqui na Suécia, por mais que a burocracia seja slow existem coisas que são muito fastes. Por exemplo, ir ao mercado. A primeira vez que eu fui, me senti um pouco acuada, como se estivesse perdida. Primeiro porque todos entravam apressados, depois fui pega de surpresa pelo mecanismo da cestinha. Fiquei olhando pra cestinha até que o Marcos retirou-a da pilha, puxou a alça certa e começou a empurrá-la, sim, ela era funda daquele jeito porque tinha rodinhas. Outra coisa difícil foi identificar o que queríamos, pois a toda hora tinha alguém apressado e totalmente decidido querendo passar e nós estavamos literalmente no meio do caminho porque o mercado é pequeno e os corredores são apertados, afinal, ninguém usa carrinho.

Talvez as pessoas estejam apressadas porque ir ao mercado é um saco. Outra opção, pode ser que por que o mercado fica em frente a estação de trem, sempre tem alguém com o tempo contado para pegar o próximo trem, afinal, aqui as coisas tem horário. Ou talvez as pessoas tenham que correr pois encontrar um lugar pra morar, se organizar com a burocracia sueca e chegar ao tempo onde se tem que ir vestindo todas as camadas de roupa necessárias leva tempo. Pra quê perdê-lo no mercado?

Sabe outra coisa que me deixou p***? Aquele esquema de não colocar o preço nas coisas pois tem aquela etiqueta na prateleira. Bom, se alguém muda de lugar a etiqueta, como vc vai saber de qual produto é cada preço que está fora de lugar? Tem o nome, mas eles tem tantas variações q muitas vezes vc simplesmente se perde. Por exemplo, maionese, pode ser light, extra, ovo, com toque de limão... fora as inúmeras marcas. Depois de um certo tempo, vc simplesmente se emputece. Com os produtos industrializados a gente até se entende. Muitas marcas são internacionais. Mas e os legumes e verduras? Eles só colocam alguns preços na prateleira. De resto vc tem que advinhar. Bom, eu só compro quando o preço e a foto que eles colocam na etiqueta correspondem àquilo que eu quero levar.

Tem ainda o esquema do próprio leitor de código de barras. Vc pega na entrada e vai passando nas coisas que quer comprar, como se vc mesmo fosse o caixa. No final, é só colocar numa maquininha, passar o cartão e pagar. Quer dizer, parece simples, auto serviço e talz. Mas quando a gente nunca usou o negócio e tá tudo escrito em sueco sem ninguém para explicar como funciona, fica complicado. E realmente nunca tem ninguém para explicar como funciona pq é pra funcionar sozinho...

Os suecos provavelmente nascem sabendo, mas a gente... Enfim, agora que já sei umas palavrinhas em sueco eu vou tentar usar esse trem. Difícil ainda é escolher as coisas e descobrir o que tem com um sueco falando "Ursäkta" querendo que vc dê licença a cada minuto.

sábado, 9 de abril de 2011

Licença para pedalar

Bom estou aqui tomando uma guiness de baixo teor álcoolico (3.5%) porque eu e a Drica não conseguimos nos organizar para comprar bebida no "System Bolaget" e como o nosso sábado está sem nenhuma noitada planejada, resolvi blogar enquanto a Drica tenta enteder o Francês da pantera cor de rosa, vulgo Steve Martin (me lembra a história do Akira, mas deixa para lá).

Bom resolvi contar algo muito peculiar que me aconteceu essa semana. Estava eu voltando do trabalho umas 18:00 horas escutando "I'm from Barcelona" tentando enteder o porque do nome dessa banda, quando de repente do nada sai um maluco do mato "Sluta, Sluta". Para minha surpresa na verdade o maluco era um policial, pensei comigo mesmo na hora, "putz a minha teoria de que pareço com um terrosita famoso deve ser verdade, lascou". Mas para minha sorte não era comigo ele parou uma menina tipicamente sueca que vinha de bicicleta. Bom fiquei curioso de saber o que havia acontecido e então fiquei observando o policial em ação. Ao olhar com mais calma reparei que no mato haviam mais três policiais e uma viatura e mais uma civil parado com sua bicicleta enquanto o policial conversava com ela.

Passou mais um ciclista e o policial parou ele também e percebi que o policial o levava para viatura, bom pensei que era uma gangue de "metralhas" em bicicletas, ou possivelmente ladrões de bicicletas. Como esse último ciclista era estrangeiro o polical estava falando em inglês com ele, e sem sacanagem ele disse o seguinte...
"your tail light is not working"
"you know that this is a problem right" e por ai vai.

ACREDITE SE PUDER, e olha que não estou na Nova Zelândia e não sou o Jaca Paladium, mas era uma BLITZ DE BICICLETA!!!!! Aqui todo mundo anda de bicicleta e tem regras para você poder andar de bike aqui. Bom vc precisa ter um farol vermelho na traseira da bike ou nas suas costas e na frente uma luz branca. Além das luzes cada roda da sua bike tem que ter dois refletores. A falta ou a não funcionalidade desses equipamentos na sua bike enquanto vc estiver pedalando (agora entendo porque aqui a galera leva a bike para passear) te dar uma multa. Cada luz não funcional acareta em uma multa de 500 kr. Alias aqui vc precisa também avisar se vai virar quando está na bike, mas me disseram que estudantes tem direito a descontos nas multas (tudo bem que a informação venho de um site wiki).

Deixando a blitz de lado, os suecos levam transporte público muito a sério e tentam te dar o máximo de opções possíveis para vc não ter que usar carro, alias o preço de carro aqui é bem parecido com o Brasil. Uma das opções é a bike e portanto eles dão um jeito do trânsito ser seguro para os ciclistas, sendo assim aqui tem ciclovias para todo o lado (inclusive entre as cidades, para não ter que pedalar no meio da rodovia) e a bike funciona como se fosse uma moto. Você tem que andar de acordo com as leis de trânsito, tipo parar no sinal vermelho, dar seta com a mão e tal. O mais legal são os diferentes acessórios de bike que rolam, além da clássica cestinha, rola a bike com caderinha para levar criança, a bike com carrinho acoplado, inclusive o carrinho é fechado para proteger seu bacurizinho da chuva e do frio, canos que acoplam mini bikes na sua para sue bacurizinho e pedalando junto contigo e por ai vai, aliás eles colocam um protetor de banco para vc não molhar o bubum. Esse negócio de bike é tão sério que 30% das pessoas vão para o trabalho em Copenhagen de bike, eu não sei os números daqui da Suécia mas creio que deve ser parecido. Alias lá não existe trânsito na hora do rush (tudo bem que a cidade tem apenas 1.5 milhões de habitantes), pois 50-60% das pessoas vão para o trabalho de ônibus e mêtro.

Não vou mentir para vocês o transporte aqui é caro, até os suecos reclamam do preço, para se ter uma ideia para ir para Malmö, que é 10 minutinho no trem, eu e a drica com desconto de casal e do cartãozinho pré-pago que também dá 20% de desconto pagamos 60 kr, ida e volta 120 kr (mais ou menos 25 pila). Se fossemos sozinho 42 kr para ir e 84 ida e volta. Mas o lado bom é que o trem e o baú está sempre na hora é quentinho, perfumado e confortável. Inclusive o esquema é tão organizado que até as paradas de ônibus aqui tem nome, portanto é muito fácil de se locomover, pegar ônibus é igual a um mêtro, porque eles falam "Nästa Station Prästbergavägen". Vc entra no site skånetrafiken pede para ir de x a y eles te dão o número do ônibus a hora e se o ônibus esta atrasado ou não, alias se o baú chegar antes da hora prevista ele fica lá esperando. Outra coisa a gente tá no interior mas tem ônibus e trem para tudo quanto é canto e durante a semana tem a cada 5/10 minutos, com o último ônibus saindo umas 2 da manhã, ou seja não precisamos de carro e o melhor posso beber a vontade que vai ter como eu chegar em casa de maneira quentinha, até porque a minha "metade melhor" por mais pequeninha que seja me consegue levar para casa.

Hey då!


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Programa de sueco - parte 2

Depois de comermos no bandeijão do Ikea sem entender ao certo porque os suecos não desistiam daquele lugar e daquela fila enorme, fomos a parte que interessava: as compras.

Conseguimos tudo o que precisávamos: pratos, copos, facas, panelas, o meu carrinho de feira (mas esse a gente tomou choque pra pegar), um cobertor maravilhoso pra ficar vendo TV no sofá e... 100 velas e 100 guardanapos. Eu nem tinha me tocado disso quando o Marcos me zoou ao chegarmos em casa. "Linda, vc sabia que comprou 100 guardanapos e 100 velas?". Os guardanapos eu nem liguei, mas na hora que ouvi o segundo objeto da frase pensei "Quem precisa de 100 velas? - Putz, que me***, comprei 100 velas!".

Quem precisa de 100 velas? Aqui na Suécia, por todo lugar que vc vai, tem velas, velinhas e velões. Eles gostam de criar um clima. E como as velas são uma mania nacional, os candelabros são coisas relativamente baratas. Custam em média 15kr. Como no nosso apê tem candelabros espalhados por todo lugar e eu tbm gosto de velas, pensei "vou comprar um pouco a mais para não me preocupar com isso, afinal, eu não sei quando volto ao Ikea". Enfim, a questão é se realmente vamos usar as 100 velas, mas de fato, tenho por mim, que não volto mais aquele lugar.

Fizemos boas comprar sim, mas se contabilizarmos o trem, o baú, o frio nabarriga na hora de voltar pq descemos no centro de Malmö e não achávamos a droga da estação de trem, o peso que o Marcos carregou pq as panelas não cabiam no carrinho, a canseira na hora que chegamos em casa e a constatação que absolutamente NADA daquilo tinha sido fabricado na Suécia, era tudo da China, chegamos a conclusão de que o gasto que tivemos para chegar não valeu o esforço. Tudo bem que compramos muitas coisas novas pelo preço das da loja de segunda mão, mas no final, o que valeu a pena mesmo, foram os guardanapos e as velas, que vou dar de presente para todos que vierem aqui. 10 velas pra cada um. ;)

PS: Tudo bem que o Marcos vai dizer que a melhor compra do Ikea foram as panelas, mas eu quero ver na mala de quem elas vão voltar pro Brasil.

PS2: Depois que descobrimos a mágica das promoções, a Tiger e a Årléns o Ikea parece agora algo ainda mais sem sentido.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Programa de sueco

No Brasil existe uma expressão que diz que o "programa de índio" é algo extremamente trabalhoso é que não serve pra nada. Uma roubada, se me permitem complementar. Pois bem, eu descobri a versão sueca do programa de índio: ir no Ikea.

Não sei se cheguei a comentar com vcs, mas o apê que alugamos veio totalmente mobilhado. Até aspirador de pó nós temos. Mas, em compensação, nada de utensílhos domésticos. Tínhamos apenas uma frigideira de dar pena, 3 copos e 2 pares de talheres. O Marcos pensou em comprar, mas como tinha muita coisa para resolver antes da minha chegada, deixou para fazermos juntos. Até porque não fazia muito sentido comprar um monte de coisas para carregar sozinho do quarto em que estava para o novo apartamento.

Enfim, eu cheguei e ele me falou que teríamos de comprar essas coisas, e logo em seguida falou da loja de segunda mão. Eu estranhei bastante, pq não precisávamos comprar móveis nem nada do gênero. E bom, não sei se é nóia herdada de mamis ou coisa de brasileiro, mas achei meio nojento comprar panelas e talheres usados. Só que tanta gente recomendou que fóssemos na loja de segunda mão que pensei, "em Roma, faça como os romanos". Fomos à loja. Era uma coisa de louco. Tinha de tudo, de roupas a tapetes, copos a sofás, além de uma porção de suecos apressados. Concluí então que era assim que se faziam as coisas por aqui, afinal, uma panela de macarrão que custava 399kr nova na loja, saia na loja de segunda mão por 25kr. Claro que não era "A" panela, mas como não tem nenhum chefe em casa, a panela era mais do que suficiente. Conseguimos também algumas facas pra cortar carne e queijo além de pratos e taças de vinho.

Porém, a loja de segunda mão está sujeita ao acaso. Você pode estar precisando de um cortador de queijo e naquela semana não aparecer nenhum na loja. Então, se vc está realmente necessitado, pode ir à loja chique e pagar umas 80kr num cortador que tem um design super arrojado sueco. Mas pra mim continua sendo 20 conto num cortador de queijo com o cabo de plástico. Para fujir desse problema, você pode ir ao Ikea, a Tok Stok sueca. O Paes disse que na Austrália ele montou a casa toda com móveis do Ikea e que foi super barato. Como a loja é sueca, parecia lógico que iria ser um negócio melhor ainda pra gente, afinal, só precisávamos de utensílhos.

Lá em Brasília, para ir à Tok Stok ou qq outra loja dessas de decoração, vc precisa de carro. Aqui na Suécia, em geral, vc não precisa de carro para nada, a não ser, ir ao Ikea. Sim, pq ele fica em outra cidade e fora do centro. Desanimamos totalmente, afinal, não ia ser nada fácil carregar as coisas até um lugar habitado para pegar um ônibus, depois um trem, sair do trem e andar 10min até chegar em casa. Desistimos. Algum tempo depois, fomos a uma festa na casa de um finlandês que tinha comprado 12 cadeiras e um monte de coisas para a própria casa no Ikea. Ele estava super feliz, pois achava que tinha feito um bom negócio, mesmo depois que duas cadeiras quebraram com seus convidados em cima (um amigo dele teve o cuidado de insinuar que a qualidade do produto era devido a fabricação chinesa do design sueco). Conversa vai conversa vem comentamos que pra gente não rolava de ir pq não temos carro. Mas adivinha o que descobrimos? O trem não para no Ikea, mas uma das 3 estações da cidade estação fica perto do Ikea.

Ainda tinha o problema de carregar as coisas, mas como eu estava querendo comprar um carrinho de feira, convenci o Marcos a colocarmos as coisas no carrinho na hora de voltar. Ao Ikea então! Pegamos um trem para Malmö, descemos numa estação chamada Hylie que é super modernosa e toda automática. Descemos no meio do nada, mas ao longe conseguimos ver o tal do Ikea. Tinha um caminho que parecia ser em linha reta até o prédio, mas era pelo meio do mato. Eu preferi dar uma voltinha maior e ir pela passagem de pedestres mesmo. Levamos de 15 a 20 min para chegar, em parte porque não dava pra entender direito o caminho e tinha uma vila de gnomos entre nós e o prédio. Não era uma vila de gnomos, mas sim os jardins. Aqui vc pode alugar um jardim para satisfazer suas necessidades botânicas se morar num apê. Mas de verdade, as casinhas para guardar o equipamento parecem casinhas de gnomos.

Ufa! Chegamos enfim ao Ikea, pelo lado de trás. Depois de dar a volta conseguimos enfim entrar naquele lugar. Era a visão dos infernos. Descobrimos o porque que Lund ficava deserta no sábado: todos iam ao Ikea. O mais engraçado é que existe um protocolo para usar o lugar, que todos pareciam estar familiarizados, menos nós. E na hora de explicar, a atendente não sabia muito bem o que explicar, pois para ele era como explicar algo muito simples. O primeiro andar, é o show room, onde vc olha o que quer, anota o código num papelzinho e pega no andar de baixo. Algumas coisas estão disponíveis já nesse andar para que vc pegue, geralmente pq estão na promoção e são coisas pequenas. Como eu e o Marcos só queríamos coisas pequenas e vimos um monte delas disponíveis para comprar, pegamos um carrinho e levamos lá pra cima. Só que a moça não explicou pra gente que não podíamos fazer isso e o Marcos ficou levando choque do carrinho o primeiro andar quase todo. Eu não entendi então porque eles colocam coisas para vc pegar no primeiro andar se não te deixam usar o carrinho. Eles querem que a gente carregue na mão?

Ok, passando o primeiro andar, o carrinho parou de nos dar choque e encontramos o restaurante bem no meio entre o show room e o andar de fazer compras. Eu já estava ficando com fome, e lembrando do filme do outro post, o Marcos achou melhor pararmos para comer. O restaurante do Ikea é um bandeijão. A fila era tão grande que eu achei que nunca iríamos comer, fora que só conseguimos entender o que era a comida pela foto, mas não sabíamos se a almôndega era de carne de vaca ou de porco. Eu acabei indo no frango, mas a única coisa que prestou foram as batatas. Realmente não dava pra entender passar todo aquele tempo na fila por aquela comida. Tinha gente com a família inteira. Eles tem até um carrinho para vc carregar 5 bandeijas ao mesmo tempo. Coisa de louco.

Depois de comer, fomos finalmente fazer as compras, mas isso eu só vou contar na quinta, pq senão o post fica grande demais.

domingo, 27 de março de 2011

Beverage Schedule

Talvez a maioria de vocês já saiba disso, mas para alguns vai ser uma novidade. Aqui na Suécia a venda de bebida alcóolica é restrita e no supermercado você só consegue comprar cervejas com até 3.5% de álcool e os bares um pint custa em torno 20 reias. Ou seja, para comprar bebida de verdade por um preço razoável você precisa ir na lojinha do governo chamado de “Systembolaget”, tradução para o português é “companhia de sistema” vai entender.

Há algumas vantagens e desvantagens do governo sueco ter o monopólio da venda de bebidas alcóolicas. Uma vantagem para os tomadores de vinho é que os vinhos aqui são bem mais baratos do que no Brasil, inclusive os vinhos chilenos e argentinos, pois eles devem conseguir um bom desconto dos vinhedos já que devem comprar toneladas de uma só vez. Entretanto, para os apreciadores de cerveja como eu, a cerveja não é tão mais barata do que no Brasil e infelizmente a variedade não é muito grande, mas ainda assim é muito maior do que no Brasil. Eu particularmente gosto das Ales e já encontrei uma Indian Pale Ale muito boa, mas custa em torno de 5 reais o pint. Para se ter uma idéia a gente tomou um Bourjelais por menos de 20 reias (em torno de 16 reais), logo percebe-se que compensa mais tomar vinho, ainda mais que a gente está vivendo apenas com a bolsa da CAPES no momento, que infelizmente não é lá essas coisas (ouviu DILMA!) e é menos do que uma bolsa de doutorado sueca.

Mas voltando ao assunto da lojinha. Bom a minha primeira visita a lojinha foi um pouco chocante. A ida iniciou com um certo medinho, será que vão pedir o meu passaporte? Será que vou ter que apresentar as minhas digitais? Qual deve ser o limite de álcool que eu posso levar comigo? Bom ao chegar na entrada da lojinha eu quase fui atropelado por vários suecos que entravam na loja meio desesperado, pensei comigo mesmo, vai ver que a loja deve estar fechando e tal, então fui olhar o horário. A loja abre de segunda a quarta das 10:00 até as 18:00 (ou seja nada de trabalhar até o fim do expediente se você quiser comprar uma cerva para levar para casa); quinta e sexta da 10:00 as 19:00 (vai ver que foi necessário um pouco mais de flexibilidade senão ninguém ia ficar na sexta até 18:00 no trabalho, jamé); e no sábado ela abre das 10:00 as 15:00 (porra sacanagem, eu preciso então saber o quanto vou beber no fim de semana assim que eu acordo no sábado!). Para minha sorte a loja ainda ficaria aberta umas duras horas, respirei fundo e fui atrás de cerveja.

Ao entrar na loja você percebe uma certa agitação das pessoas, o engraçado é que elas meio que já sabem onde estão as biritas delas, ou seja nada de ficar olhando com calma pesquisando e tentando descobrir o que o seu paladar vai querer beber. Eu particularmente me senti meio envergonhado ao entrar na loja, me senti meio alcoólatra um junkie querendo comprar substâncias controladas pelo governo, fiquei pensando “será que eles vendem GIM VICTORIA”. Bom vamos lá né, como um bom Lima, aproveitei para comprar um vinho Sul Africano e uma Pale Ale (essa só para iniciar a noite). Peguei uma enorme fila vi os suecos com caixas de cervejas e muitas garrafas de vinho, então creio que você pode levar o quanto quiser de uma só vez, ou consegue carregar. O cara do caixa falou "Hej" pediu e grana e pronto. Eba! Nada de mostrar passaportes ou testes de digitais. Ao sair da loja fiquei pensando, porque tantas camêras. Putz vai ver que agora estou no sistema sueco de segurança alcóolica, agora devo fazer parte do “systembogalet”.

Agora como sou bonzinho vou ensinar vocês a pedirem cerveja aqui:

Var så god en öl (pois somos educados né)

querendo duas "två öl"

querendo seis tenha cuidado pois é "sex öl"

"sju öl" é o q pessoal?



sexta-feira, 25 de março de 2011

O frio: amor e ódio.

Bom acho que eu devo ter reclamado ou falado muito sobre o frio, pois desde o meu primeiro post, todo mundo me pergunta como está o frio. Realmente o frio foi um choque para mim. Saí do Brasil passando mal de calor. Por mais que tivesse colocado a maior parte da roupa de frio dentro da mochila para trocar no avião, não dava para carregar a calça jeans e a bota na mochila. O aeroporto de Brasília não tem ar condicionado (ou parece não ter) o que piorou minha situação. Mas as pessoas que iam embarcar no mesmo voo estavam mais ou menos vestidas como eu, então fiquei tranquila.

Quando chegou perto de Lisboa, o povo começou a fazer o que o Rená me aconselhou: colocar a malha de frio dentro do avião. Foi um pouco complicado trocar de roupa naquele banheiro minúsculo, mas foi realmente melhor do que ter algum problema ainda em Brasília por causa do excesso de roupas. Mas havia uma diferença básica entre mim e os outros: meu casaco era absurdamente grande, de pena. Eu via as suecas/dinamarquesas com casacos bem mais sutis e cachecois escandalosamente grandes. Fiquei com medo de estar exagerando, mas pensei "elas estão acostumadas com o frio, eu não".

E foi exatamente isso que eu senti quando saí do subterrâneo, do metrô, em direção ao hotem, no bairro de Nyhavn - o frio mais frio que todo frio que eu já havia sentido. Mais frio do que andar de moto de madrugada pela ponte do Bragueto. Mas fiquei feliz, poi o hotel era perto da estação de metro ;). Mais tarde, fomos jantar e dar uma volta pelo bairro. Não sei se vcs perceberam, mas Nyhavn é um canal que dá para o mar. Eu estava sentindo frio, mas quando vi o mar congelado, fiquei desesperada. "Cara, tá tão frio que congelou o mar!" E era uma camada de gelo relativamente grossa. Tinham várias garrafas de cerveja em cima do gelo. Esse momento de desespero onde rimos por não podermos chorar, rendeu essa foto:



O Marcos tentou me confortar, dizendo que todos falavam que Copenhague era mais fria do que Lund, mas não deu muito certo, depois que ele tirou a foto eu falei "vamos comer em qq lugar, mas tem que ser agora!". Claro que o chilique tinha outra razão de ser, que eu vou ilustrar com um vídeo:



Depois que eu voltei a ser eu mesma comecei a pensar que o frio tinha coisas boas, como entrar em casa no quentinho, por exemplo. Mas ainda pairava uma dúvida cruel em minha mente "Como as pessoas podiam viver num lugar daqueles? Psychovikings?" Depois de quase um mês aqui eu descobri outras vantagens e desvantagens do frio que vou contar pra vcs:

VANTAGENS: quase não transpiramos e isso é uma vantagem para quem gosta de fazer exercícios. Por consequência, andar de bike tbm é algo viável. Vc não vai chegar no trabalho fedendo que nem um porco pq não transpira tanto. Eu particularmente tenho gostado mais de andar. Minhas pernas doem menos, eu ando mais rápido e canso menos. O cabelo fica divino e as roupas de inverno podem ser bem elegantes quando vc aprende a se vestir para o frio.

DESVANTAGENS: a sua pele fica um lixo, o frio resseca a mão, os pés, a pele... Só o cabelo fica bom mesmo. Seu nariz escorre sem sua autorização, vc tem que usar algo na cabeça e se fizer a mesma besteira do que eu, vai comprar uma touca linda de cashemere que coça horrores. Já é difícil sair de casa, quando chove então... a menos que vc tenha um compromisso formal, vai querer assistir tv, nem que seja em sueco (o bom é que eu posso usar isso como desculpa, afinal, a professora de sueco falou pra gente praticar, nem que fosse vendo TV). E a paisagem da cidade: cenário perfeito para qualquer filme de terror. Já pensei até no roteiro. Quando venta vc acha que vai ser congelado, a sensação térmica diminui sensivelmente.

Mas de qualquer forma, como a Lucy disse uma vez, as pessoas aproveitam bem mais o sol e o clima bom, afinal, elas quase não tem isso.

sábado, 19 de março de 2011

Burocrácia..Very...VERY SLOW!

Esse negócio de escrever em blog é meio novo para mim, mas vou tentar, afinal de contas há muitas pessoas que querem saber um pouco das peripécias que eu e a Drica andamos aprontando por aqui. Não só isso, mas janeiro foi super complicado para mim e não consegui nem fazer uma festa de despedida, portanto achei que seria interessante iniciar com um post sobre a nossa mudança para cá. Alias, pela primeira vez eu não tive problema com a alfandega.

Acho que vale a pena começar com a confusão que foi tirar o visto. Alguns já ficaram sabendo do estresse, ou na verdade, da lentidão que é a burocracia sueca. Eu e Drica aproveitamos o fato de morar em Brasília para ir a embaixada tirar algumas dúvidas referentes ao pedido de visto. Bom a nossa primeira surpresa é que todo o processo era feito por papel, ou seja nada de preencher formulários na internet. A segunda, e mais complicada surpresa, foi o tempo que os Suecos demoram para de dar um visto - nada mais e nada menos do que 90 dias. Quando a moça nos informou eu devo ter feito uma cara de surpresa tão esquisita que ela veio me explicar o porque da demora. O motivo é que eles checam os nossos dados três vezes, primeiro a embaixada dá okay para o visto, depois o consulado e por último o “migration office” que fica na Suécia. Por isso eu e a Drica tivemos que entregar três cópias de tudo, um para cada “instância”. O melhor é que ela me informou que eles não usam a internet e nem o correio para mandar os documentos, tudo vai de mala preta, ou seja precisa ter um sueco para levar a papelada para o consulado e pior um sueco para viajar para Suécia para levar a nossa papelada. Por isso os noventas dias. Okay esse é o processo. Entretanto os suecos são bem pragmáticos e muito claros sobre a documentação que precisamos apresentar, no nosso caso a gente precisava comprovar que íamos ter a disposição 10 mil coroas por mês (7 mil para mim mais 3 mil para Drica que é a minha esposa) mais a carta do orientador sueco. Ai entra o primeiro pepino, eu sou bolsista portanto não tenho comprovante de renda e o segundo pepino é que se fosse usar dinheiro economizado tinha que estar em uma conta corrente no Brasil com uma carta do gerente dizendo o valor em dólares. Bom primeiro pepino foi resolvido com uma carta do coordenador da Pós dizendo o quanto é uma bolsa do CNPq em dólares, lembre-se que o processo demora 3 meses e o resultado da CAPES ia sair no fim de Novembro para eu ir em Janeiro, ou seja tive que dar um jeito de apresentar aos suecos que a gente tinha grana. O legal dos suecos é que eles aceitam a palavras das pessoas como verdade, imagina eu chegar em qualquer estabelecimento do Brasil com uma carta do meu coordenador, no mínimo iam pedir algum juramento de cartório, ou algo do tipo. Mas voltando as confusões... Então mil dólares (1.800 reias) não são 10 mil coroas, entretanto eu tinha travellers check de libra (alias um pesadelo trocar essa merda, mas fica para outro dia) mas não aceitavam, pois o dinheiro tinha que estar em conta corrente. Sorte nossa que tínhamos uma grana economizada e aproveito aqui para agradecer os amigos e familiares pelas bondosas doações que recebemos ao casar, sem elas eu ia ter que pedir para mamãe e papai enterrarem com o resto para conseguirmos esse bendito visto. Ah tive que adicionar uma carta minha dizendo o quanto a gente tinha em doláres, já que o Banco do Brasil não providencia uma declaração. Para isso usamos o site "currency converter", imprimimos todas as conversões e colocamos a data de acesso (pelo vistos os suecos não gostam de internet)

Os Suecos não estavam de brincadeira, após 90 dias exatos recebemos o nossos vistos, entretanto tivemos que atrasar a nossa ida em 30 dias o que resultou em outros tramites burocráticos, dessa vez com a CAPES. Vamos dizer que eu descobri que para conseguir uma bolsa sanduíche você não precisa ser o melhor aluno, ou como eu gosto de dizer, a última coca-cola do deserto, apenas ter uma grande qualidade, persistência e um saco bem grande para ir até o fim do processo.

Bom agora com o visto, passagem comprada, seguro de saúde para mim e para Drica (feito com o governo sueco pelo valor de 800 euros, tudo incluso “no matter the cost” e sem tempo de carência, ou seja mais barato e melhor que qualquer seguro de saúde do Brasil) e bolsa da capes só faltava achar um lugar para morar. É mas achar lugar para morar em Lund não é fácil não, a gente ficou mais de três meses tentando achar um lugar para morar e nada. Só de conseguir uma resposta a gente já ficava feliz, mas nunca conseguimos duas respostas seguidas. Faltando exatamente dois dias para embarcar o meu orientador me avisa que conseguiu um quarto para mim em uma nação. Aqui em Lund as nações disponibilizam quartos e apartamentos. Essas nações existem a muito tempo e a nação seria um “estado” sueco ou distrito algo do tipo (mais informações, para a felicidade do Renná, em http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Lund_University_nations#Active_nations ou http://en.wikipedia.org/wiki/Nations_at_Swedish_universities) . A universidade é muito antiga tipo do século XVII algo do tipo, e no passado remoto as pessoas moravam nas suas nações e pelo o que entendi essas nações são como grupos estudantis e tão velhos quanto a univerisdade de Lund (cruzes imagina um CABIO 300 anos atrás), mas vou ver se leio mais um pouco sobre isso. Antigamente as pessoas se filizavam a essas nações de acordo com sua procedência. Ou seja uma pessoa de Malmö iria morar com pessoas de Malmö, já que eram culturalmente parecidas e falavam o mesmo dialeto. As nações existem até hoje e eu fui parar em fevereiro na nação Smålands, diga se de passagem de maneira “ilegal”. O que o meu orientador arrumou para mim foi uma sub-locação. Bom o colega que me alugou o quarto me avisou que o “caretaker” dá uma zanzada no prédio então me aconselhou não ficar durante “working hours” no quarto para não dar chabu. A nação é bem divertida e fiquei em um quarto que eles chamam de “corridor room”, me senti dentro de uma caravela já que era exatamente isso um corredor com um monte de quartos e eu dividia o chuveiro e a cozinha com mais 7 pessoas. O banheiro com um Finlandês muito louco que acabou se tornando meu amigo e nosso professor de sueco. Essa nação também é conhecida por ser socialista/anarquista, entretanto descobri mais tarde que o cara que escolhe as pessoas que moram na nação não gosta de estrangeiros (go figure it). Mas um motivo para não dar bobeira, mas com o passar do tempo acabei relaxando e o “caretaker” me descobriu uma dia antes de me mudar para o meu atual apartamento. Inventei uma ladainha que era amigo do cara e tal e que estava no quarto por uma semana. Acho que nem deu problema já que aqui na Suécia é normal ter sub-locação dos locais e tal. Agora para alguns fatos o aluguel do quarto foi de 2242 coras o equivalente a 560 reias, com internet (alias acho que vou deixar a Drica explicar como é difícil conseguir internet). Consegui sobrevier com 5 mil coroas esses mês, aproveitei que estava solo para economizar uma graminha para ajudar a montar o apartamento quando a Drica chega-se. Tudo bem que isso resultou em a Drica descobrir alguns ossos a mais em mim e tomar uma bronca fenomenal por estar magro demais, achei que ela ia gostar do meu corpitchu modelinho Sueco!

UFA que post grande, olha que eu ainda nem falei do pássaro que cagou em mim, da relação de amor e ódio da Drica com o frio, da lojinha do governo que vende álcool, da nossa primeira experiência legitimamente sueca (fomos ao IKEA), das nossas perambuladas em Copenhagen, da briga entre a Drica e a cortina, dos dois capiais tentando entender como lava a roupa no porão comunitário, do novo brinquedinho da Drica que vem com GPS e da vida em geral aqui em Lund. Alias nos estamos nos divertindo muito aqui em Lund e quem quiser aparecer aqui é só avisar, mas como a casa é pequena estamos na política de garantir um chão quentinho para quem se manifestar primeiro.



domingo, 13 de março de 2011

Primeiro post - pode chover, nevar e fazer sol no mesmo dia?

Sim! Eu descobri isso ante ontem. Saí de casa para encontrar o Marcos para almoçarmos juntos e voilá, estava nublado. Antes de sair de casa, fazia sol. Coloquei o casaco mais "fresquinho" que tenho usado (que era o mais quente que tinha no Brasil) e por via das dúvidas, coloquei a capa de chuva na bolsa. Cheguei a igreja em 10 minutos e um chuvisco me pegou, mas como me abriguei rapidamente dentro da igreja não me preocupei muito.

Cheguei um pouco cedo, então sentei e fiquei a esperar. De repente comecei a ouvir uma chuva pesada cair lá fora. Dez minutos mais tarde o Marcos aparece enxarcado com o meu casaco! Sim, porque no dia anterior ele foi "presenteado" com uma carimbada de um pássaro que tem por essas bandas que é uma mistura de pombo com corvo. Todo negro, feio pra caramba e com uma bosta que fede pacas. Por isso ele teve que usar o meu casaco, pois ele só tinha esse e tivemos que deixar em casa pois ele ficou úmido. Voltando ao assunto, a chuva tava feia e não podíamos ficar na igreja o almoço todo. Até porque por aqui, se vc desiste de fazer algo por culpa do tempo, não vai fazer nada. Então saímos procurando um café, bistrô, qq coisa que vendesse comida.

Fomos correndo e rapidamente chegamos a um café italiano. Estava cheio. Todos tiveram a mesma idéia. Entramos na fila para pedir e esperamos. De repente olhei pela janela do café e tinha parado de chover. Chegou a nossa vez e pedimos desculpas por não falarmos sueco. Muito simpático, o atendente, que devia ser italiano, nos disse "Tudo bem, eu também não consigo falar sueco". Eles no entregou um menu em inglês e fomos para o final da fila novamente, pois ainda teríamos que escolher o que comer. Olhei para a janela novamente e percebi que não só chovia como nevava e tudo isso num intervalo de menos de 15 minutos da nossa entrada no café.

Estavamos nos conformando com a idéia de prolongar o almoço até o mau tempo passar quando do nada vem o SOL. Isso mesmo, começou a fazer sol. E ficou assim o resto do dia. Vai entender...

PS: Quando eu digo sol não é aquele de tirar os casacos, apenas aquele de ficar com os pés menos gelados e poder também tirar o gorro da cabeça.