terça-feira, 18 de setembro de 2012

Popstar Academico


Ainda me lembro quando tinhas uns 15 anos e estava tocando violão quando o meu pai bateu na porta do quarto e me perguntou se era apenas diversão ou se eu queria levar a música a sério como profissão. Na hora fiquei pensando como seria legal, quem sabe eu não viraria um popstar. Mas venhamos e convenhamos que se fosse contratado para tocar numa banda de sertenajo (aii) já seria bom demais. Já pensou eu guitarrista de uma banda equivalente a um michel telo da epoca? Com esse pensamento foi obvio que a minha resposta foi não me tornar músico. Com isso resolvi fazer biologia e mais para frente tentar uma carreira acadêmica. Mas sinceramente, acho que deveria ter tentado a música, pois começo a achar que as chances de virar professor universitário ou pesquisador são as mesmas de virar um popstar!

Veja bem, em termos de estudo (levando em consideração que você quer ser um bom músico) é quase a mesma coisa, precisa-se fazer graduação que é de 4 anos (no meu caso 5 anos pois sou meio lerdo), depois 2 anos de mestrado seguido de mais 4 anos de doutorado (no meu caso 6 anos devido a alguns 'setbacks'), ou seja mais ou menos unas 10 anos estudando. Daí já dá para perceber a relação com a música, até porque depois desses 10 anos de estudo o que você tem no final? Uns diplomas e alguns artigos científicos que só são valorizados no meio acadêmico, ou será que uma empresa vai me contratar dizendo “o seu diferencial foi o seu paper na Auk e na Parasitology”?

Agora porque essa relação entre academia e popstar? É que para ambos acho que o fator sorte fazem a diferença, quantos músicos bons não fizeram sucesso e quantos pesquisadores bons não arrumaram empregos. Não por falta de competência, até porque há vários músicos ruins e vários pesquisadores ruins que chegaram no venerado emprego popstar. Portanto, fica a dica para possível pessoas que queiram tentar academia, fica atento para fator sorte relacionado na obtenção de um emprego. O fator sorte vem de várias maneiras, a prova teórica que te ferra na hora do concurso, ou até mesmo como que você complementa ou acrescenta em um departamento de pesquisa. Será que tem uma maneira da gente pensar em um processo seletivo de pesquisadores/professores em que a gente consegue acabar com o fator sorte? Ou será que ao não passar em uma prova teórica eu demonstro uma total falta de preparo?

Acho que vou é me dedicar mais a minha nova banda – Banda do Inspertor Silvestre – pois to começando a achar que a probabilidade dela dar certo é a mesma de conseguir um emprego permanente na academia.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DutchDoodle

Faz tempo que eu não posto nada no blog mas é porque a vida não anda nada fácil com o fim de doutorado e ainda mais com a nossa volta para o Brasil. Tenho até alguns posts ainda na cabeça sobre a vida na Suécia mas primeiro quero postar sobre as nossas experiências na Holanda. Não precisam se desesperar (nossos poucos seguidores) pois devemos manter o blog ainda ativo por um tempo mesmo depois da volta.

No Natal a gente teve a ilustre presença de um grande amigo nosso e, portanto, “tivemos” que pagar a dívida e retribuir a visita. Sua casa fica em Groningen (ou como dizem os holandeses RRRRRRRRRRRRoningen). Como não há um aeroporto de grande porte fomos “obrigados” a voar para Amsterdam e aproveitamos para perambular e se aventurar em seus canais. Infelizmente (para nós) o inverno na Europa tem sido bem tranquilo e os canais não estavam congelados, o que nos impediria de fazer o passeio de barco, mas teria a enorme vantagem de patinar no gelo e conhecer a cidade sobre patins.

Bom então fomos explorar a cidade da maneira convencional a pé e de tram. Bom já sei que deve estar todo mundo ai pensando que a gente foi nos coffee shops se aventurar nos extensos menus de canabis e seus derivados, mas a gente é careta e toma no máximo uma cervejinha. E mesmo que a gente quisesse os holandeses proibiram a venda de canibis para turista a partir de 2012, agora só pode comprar quem mora em Amsterdam e precisa fazer um cadastro para poder obter o seu fumozinho, sem contar que há várias regras, como não fumar em espaço público e você ter no máximo 5g com você entre outras. Ou seja é legalizado mas não é bagunçado. Sugiro que as pessoas que querem legalizar (que é diferente de descriminalizar) leiam um pouco sobre as experiências da Holanda que são muito boas, mas precisam ter noção que não é bagunçando e há sim fiscalização das regras deles e eles combatem também o tráfico de drogas.

Mas vamos deixar a política de lado. Amsterdam realmente é uma cidade belíssima e com bastante coisa para se fazer e ver. Adoramos o museu do Van Gogh e eu me diverti bastante na casa do Rembrandt. E, é claro, tomando as diferentes cervejas da região. Por favor galera, não percam seu tempo tomando Heineken! Achamos os holandeses também muito simpáticos, mas as holandesas eram bastante bravas e mal humoradas, tirando algumas exceções. Tivemos oportunidade de ver uma jovem holandesa derrubar uma velha holandesa no meio da rua. O motivo da briga era sobre onde a ciclista queria estacionar a sua bicicleta. Alias Amsterdam é igual Copenhague com relação as bicicletas, o que eu acho muito legal, mas vejo que os ciclistas não respeitam ninguém em ambas as cidades e ser atropelados por eles é a coisa mais fácil de acontecer . Acho que as cidades deveriam tomar uma providência para educar os ciclistas que me lembram muito os motoristas no Brasil.

Também passeamos pelo Red light district e tivemos a oportunidade de ver as prostitutas nas janelas. Lá a prostituição é legalizada e as mulheres são consideradas profissionais tendo os mesmo benefícios de qualquer trabalhador holandês, mas não tenho conhecimento dos detalhes e nem de como funciona, mas fiz questão de ir ver e forçar a minha esposa a ir comigo para gente sentir mais ou menos o esquema. Alias há várias questões culturais bem diferentes das nossas como brasileiro, uma é essa da legalização da maconha e da prostituição, mas há outras peculiaridades um tanto engraçadas. Uma delas é a privada (latrina) que é bem diferente. Ela tem uma parte mais elevada onde fazemos as nossas necessidades (quase como um mictório) e quando se dá descarga, teoricamente, a água leva para a parte de baixo que tem água e funciona como uma privada normal. Para mim foi uma experiência divertidíssima, afinal de contas nunca tive a oportunidade de ver como que é a aparência da minha bosta sem estar boiando na água. Mas o que me incomodava é que era impossível a sua bosta não deixar um rastro no caminho para o esgoto e era sempre necessário ter que usar a escovinha. Fiquei tão incomodado que fui pesquisar (na internet, e achei!) uma maneira de não deixar o rastro da bosta para não ter que usar a escovinha, afinal de contas é muita falta de educação ficar deixando rastros nos banheiros sem contar que talvez eu precisava de um “crash course” de como usar a privada na holanda. Deparei como uma técnica que consistia em forrar a parte de cima com papel higiênico e portanto ao dar descarga, o que, teoricamente, não deixaria um rastro. Como muitos de vocês já sabem sou um cara um tanto descoordenado e portanto pedi para Drica testar essa técnica antes de me deparar com a complexidade que ia ser forrar a parte de cima da privada. A Drica conseguiu com muito sucesso, diz ela. Entretanto, eu não consegui executar a técnica, não sei se foi porque resolvi fazer um forro duplo ou uma outra questão mais complexa, mas só sei que na hora de dar descarga a bosta não ia de jeito nenhum para o andar de baixo. O papel fez uma pequena barreira impedindo o caminho da bosta para o esgoto, e olha que tentei 3 vezes! Então tive que usar a escovinha, mas achei meio foda meter a escova na bosta. Pensei comigo “vai ser muita lambança”. Como estava na casa do meu amigo não tinha como eu sair correndo e deixar o pepino para o próximo sem contar que acabou virando um desafio, afinal de contas vou virar doutor (eu espero) em seis meses, com certeza consigo resolver esse problema. O jeito que eu achei foi cobrir a bosta com mais papel para a escovinha ter um lugar seguro para dar aquela “betada” para o buraco debaixo da privada. Juro que eu me senti como se estivesse jogando golfe com minha própria bosta. Depois dessa desisti de tentar descobrir uma maneira melhor de lidar com o inevitável rastro que minhas futuras bostas iriam deixar na latrina e partir para o esquema original que é simplesmente usar a escovinha. Mas espero que algum leitor desse blog saiba como os holandeses lidam com esse dilema do “rastro da bosta”. Ou melhor ainda: porque eles usam uma latrina tão diferente, qual é a lógica de se ter um andar de cima na latrina? Será que eu não to sacando algo relacionado a saúde pública? Será que os holandeses não gostam quando a aguá resvala na bunda? Ou será que é uma questão cultural ver a sua bosta da maneira natural, ter certeza que tudo está funcionado direitinho? Será que eles fazem exames de fezes mensalmente, assim fica fácil de pegar a bosta do andar de cima? Será que faz bem para o meio ambiente, usa menos agua? Mas na Holanda o que mais tem é aguá, os caras tão à 15 metros abaixo do mar! Gostaria muito entender a lógica holandesa da latrina assim de como que o holandês faz para vomitar na latrina sem se sujar com o rebote do vômito. Como já to bem grandinho e sei beber não tive que lidar com essa última experiência.

Para não terminar o post com bosta vale ressaltar que o nosso grande amigo nos levou para assistir a nova sensação da holanda “go back to the zoo” que tocou de graça na praça na versão holandesa do festival Eurosonic que tava rolando. O show foi muito bom e tivemos a oportunidade de participar de outro aspecto cultural, a batatinha frita com maionese! A comida de fim de noite dos holandeses (tipo o nosso dogão de fim de noite). Não recomendo a maionese, ainda mais se você tiver no seu hotel uma latrina holandesa... Groningen é uma cidade bacana, bem antiga e para nós que estamos saindo de Lund tinha um ar de metrópole. Ah como é bom poder pagar dois euros numa cerveja num bar ao invés dos 7 euros que estamos acostumados a pagar na Suécia! Como é bom poder comprar bebida no mercado. Alias, Rená, larga de ser vagabundo e vai visitar o seu amigo!