segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DutchDoodle

Faz tempo que eu não posto nada no blog mas é porque a vida não anda nada fácil com o fim de doutorado e ainda mais com a nossa volta para o Brasil. Tenho até alguns posts ainda na cabeça sobre a vida na Suécia mas primeiro quero postar sobre as nossas experiências na Holanda. Não precisam se desesperar (nossos poucos seguidores) pois devemos manter o blog ainda ativo por um tempo mesmo depois da volta.

No Natal a gente teve a ilustre presença de um grande amigo nosso e, portanto, “tivemos” que pagar a dívida e retribuir a visita. Sua casa fica em Groningen (ou como dizem os holandeses RRRRRRRRRRRRoningen). Como não há um aeroporto de grande porte fomos “obrigados” a voar para Amsterdam e aproveitamos para perambular e se aventurar em seus canais. Infelizmente (para nós) o inverno na Europa tem sido bem tranquilo e os canais não estavam congelados, o que nos impediria de fazer o passeio de barco, mas teria a enorme vantagem de patinar no gelo e conhecer a cidade sobre patins.

Bom então fomos explorar a cidade da maneira convencional a pé e de tram. Bom já sei que deve estar todo mundo ai pensando que a gente foi nos coffee shops se aventurar nos extensos menus de canabis e seus derivados, mas a gente é careta e toma no máximo uma cervejinha. E mesmo que a gente quisesse os holandeses proibiram a venda de canibis para turista a partir de 2012, agora só pode comprar quem mora em Amsterdam e precisa fazer um cadastro para poder obter o seu fumozinho, sem contar que há várias regras, como não fumar em espaço público e você ter no máximo 5g com você entre outras. Ou seja é legalizado mas não é bagunçado. Sugiro que as pessoas que querem legalizar (que é diferente de descriminalizar) leiam um pouco sobre as experiências da Holanda que são muito boas, mas precisam ter noção que não é bagunçando e há sim fiscalização das regras deles e eles combatem também o tráfico de drogas.

Mas vamos deixar a política de lado. Amsterdam realmente é uma cidade belíssima e com bastante coisa para se fazer e ver. Adoramos o museu do Van Gogh e eu me diverti bastante na casa do Rembrandt. E, é claro, tomando as diferentes cervejas da região. Por favor galera, não percam seu tempo tomando Heineken! Achamos os holandeses também muito simpáticos, mas as holandesas eram bastante bravas e mal humoradas, tirando algumas exceções. Tivemos oportunidade de ver uma jovem holandesa derrubar uma velha holandesa no meio da rua. O motivo da briga era sobre onde a ciclista queria estacionar a sua bicicleta. Alias Amsterdam é igual Copenhague com relação as bicicletas, o que eu acho muito legal, mas vejo que os ciclistas não respeitam ninguém em ambas as cidades e ser atropelados por eles é a coisa mais fácil de acontecer . Acho que as cidades deveriam tomar uma providência para educar os ciclistas que me lembram muito os motoristas no Brasil.

Também passeamos pelo Red light district e tivemos a oportunidade de ver as prostitutas nas janelas. Lá a prostituição é legalizada e as mulheres são consideradas profissionais tendo os mesmo benefícios de qualquer trabalhador holandês, mas não tenho conhecimento dos detalhes e nem de como funciona, mas fiz questão de ir ver e forçar a minha esposa a ir comigo para gente sentir mais ou menos o esquema. Alias há várias questões culturais bem diferentes das nossas como brasileiro, uma é essa da legalização da maconha e da prostituição, mas há outras peculiaridades um tanto engraçadas. Uma delas é a privada (latrina) que é bem diferente. Ela tem uma parte mais elevada onde fazemos as nossas necessidades (quase como um mictório) e quando se dá descarga, teoricamente, a água leva para a parte de baixo que tem água e funciona como uma privada normal. Para mim foi uma experiência divertidíssima, afinal de contas nunca tive a oportunidade de ver como que é a aparência da minha bosta sem estar boiando na água. Mas o que me incomodava é que era impossível a sua bosta não deixar um rastro no caminho para o esgoto e era sempre necessário ter que usar a escovinha. Fiquei tão incomodado que fui pesquisar (na internet, e achei!) uma maneira de não deixar o rastro da bosta para não ter que usar a escovinha, afinal de contas é muita falta de educação ficar deixando rastros nos banheiros sem contar que talvez eu precisava de um “crash course” de como usar a privada na holanda. Deparei como uma técnica que consistia em forrar a parte de cima com papel higiênico e portanto ao dar descarga, o que, teoricamente, não deixaria um rastro. Como muitos de vocês já sabem sou um cara um tanto descoordenado e portanto pedi para Drica testar essa técnica antes de me deparar com a complexidade que ia ser forrar a parte de cima da privada. A Drica conseguiu com muito sucesso, diz ela. Entretanto, eu não consegui executar a técnica, não sei se foi porque resolvi fazer um forro duplo ou uma outra questão mais complexa, mas só sei que na hora de dar descarga a bosta não ia de jeito nenhum para o andar de baixo. O papel fez uma pequena barreira impedindo o caminho da bosta para o esgoto, e olha que tentei 3 vezes! Então tive que usar a escovinha, mas achei meio foda meter a escova na bosta. Pensei comigo “vai ser muita lambança”. Como estava na casa do meu amigo não tinha como eu sair correndo e deixar o pepino para o próximo sem contar que acabou virando um desafio, afinal de contas vou virar doutor (eu espero) em seis meses, com certeza consigo resolver esse problema. O jeito que eu achei foi cobrir a bosta com mais papel para a escovinha ter um lugar seguro para dar aquela “betada” para o buraco debaixo da privada. Juro que eu me senti como se estivesse jogando golfe com minha própria bosta. Depois dessa desisti de tentar descobrir uma maneira melhor de lidar com o inevitável rastro que minhas futuras bostas iriam deixar na latrina e partir para o esquema original que é simplesmente usar a escovinha. Mas espero que algum leitor desse blog saiba como os holandeses lidam com esse dilema do “rastro da bosta”. Ou melhor ainda: porque eles usam uma latrina tão diferente, qual é a lógica de se ter um andar de cima na latrina? Será que eu não to sacando algo relacionado a saúde pública? Será que os holandeses não gostam quando a aguá resvala na bunda? Ou será que é uma questão cultural ver a sua bosta da maneira natural, ter certeza que tudo está funcionado direitinho? Será que eles fazem exames de fezes mensalmente, assim fica fácil de pegar a bosta do andar de cima? Será que faz bem para o meio ambiente, usa menos agua? Mas na Holanda o que mais tem é aguá, os caras tão à 15 metros abaixo do mar! Gostaria muito entender a lógica holandesa da latrina assim de como que o holandês faz para vomitar na latrina sem se sujar com o rebote do vômito. Como já to bem grandinho e sei beber não tive que lidar com essa última experiência.

Para não terminar o post com bosta vale ressaltar que o nosso grande amigo nos levou para assistir a nova sensação da holanda “go back to the zoo” que tocou de graça na praça na versão holandesa do festival Eurosonic que tava rolando. O show foi muito bom e tivemos a oportunidade de participar de outro aspecto cultural, a batatinha frita com maionese! A comida de fim de noite dos holandeses (tipo o nosso dogão de fim de noite). Não recomendo a maionese, ainda mais se você tiver no seu hotel uma latrina holandesa... Groningen é uma cidade bacana, bem antiga e para nós que estamos saindo de Lund tinha um ar de metrópole. Ah como é bom poder pagar dois euros numa cerveja num bar ao invés dos 7 euros que estamos acostumados a pagar na Suécia! Como é bom poder comprar bebida no mercado. Alias, Rená, larga de ser vagabundo e vai visitar o seu amigo!