terça-feira, 5 de abril de 2011

Programa de sueco

No Brasil existe uma expressão que diz que o "programa de índio" é algo extremamente trabalhoso é que não serve pra nada. Uma roubada, se me permitem complementar. Pois bem, eu descobri a versão sueca do programa de índio: ir no Ikea.

Não sei se cheguei a comentar com vcs, mas o apê que alugamos veio totalmente mobilhado. Até aspirador de pó nós temos. Mas, em compensação, nada de utensílhos domésticos. Tínhamos apenas uma frigideira de dar pena, 3 copos e 2 pares de talheres. O Marcos pensou em comprar, mas como tinha muita coisa para resolver antes da minha chegada, deixou para fazermos juntos. Até porque não fazia muito sentido comprar um monte de coisas para carregar sozinho do quarto em que estava para o novo apartamento.

Enfim, eu cheguei e ele me falou que teríamos de comprar essas coisas, e logo em seguida falou da loja de segunda mão. Eu estranhei bastante, pq não precisávamos comprar móveis nem nada do gênero. E bom, não sei se é nóia herdada de mamis ou coisa de brasileiro, mas achei meio nojento comprar panelas e talheres usados. Só que tanta gente recomendou que fóssemos na loja de segunda mão que pensei, "em Roma, faça como os romanos". Fomos à loja. Era uma coisa de louco. Tinha de tudo, de roupas a tapetes, copos a sofás, além de uma porção de suecos apressados. Concluí então que era assim que se faziam as coisas por aqui, afinal, uma panela de macarrão que custava 399kr nova na loja, saia na loja de segunda mão por 25kr. Claro que não era "A" panela, mas como não tem nenhum chefe em casa, a panela era mais do que suficiente. Conseguimos também algumas facas pra cortar carne e queijo além de pratos e taças de vinho.

Porém, a loja de segunda mão está sujeita ao acaso. Você pode estar precisando de um cortador de queijo e naquela semana não aparecer nenhum na loja. Então, se vc está realmente necessitado, pode ir à loja chique e pagar umas 80kr num cortador que tem um design super arrojado sueco. Mas pra mim continua sendo 20 conto num cortador de queijo com o cabo de plástico. Para fujir desse problema, você pode ir ao Ikea, a Tok Stok sueca. O Paes disse que na Austrália ele montou a casa toda com móveis do Ikea e que foi super barato. Como a loja é sueca, parecia lógico que iria ser um negócio melhor ainda pra gente, afinal, só precisávamos de utensílhos.

Lá em Brasília, para ir à Tok Stok ou qq outra loja dessas de decoração, vc precisa de carro. Aqui na Suécia, em geral, vc não precisa de carro para nada, a não ser, ir ao Ikea. Sim, pq ele fica em outra cidade e fora do centro. Desanimamos totalmente, afinal, não ia ser nada fácil carregar as coisas até um lugar habitado para pegar um ônibus, depois um trem, sair do trem e andar 10min até chegar em casa. Desistimos. Algum tempo depois, fomos a uma festa na casa de um finlandês que tinha comprado 12 cadeiras e um monte de coisas para a própria casa no Ikea. Ele estava super feliz, pois achava que tinha feito um bom negócio, mesmo depois que duas cadeiras quebraram com seus convidados em cima (um amigo dele teve o cuidado de insinuar que a qualidade do produto era devido a fabricação chinesa do design sueco). Conversa vai conversa vem comentamos que pra gente não rolava de ir pq não temos carro. Mas adivinha o que descobrimos? O trem não para no Ikea, mas uma das 3 estações da cidade estação fica perto do Ikea.

Ainda tinha o problema de carregar as coisas, mas como eu estava querendo comprar um carrinho de feira, convenci o Marcos a colocarmos as coisas no carrinho na hora de voltar. Ao Ikea então! Pegamos um trem para Malmö, descemos numa estação chamada Hylie que é super modernosa e toda automática. Descemos no meio do nada, mas ao longe conseguimos ver o tal do Ikea. Tinha um caminho que parecia ser em linha reta até o prédio, mas era pelo meio do mato. Eu preferi dar uma voltinha maior e ir pela passagem de pedestres mesmo. Levamos de 15 a 20 min para chegar, em parte porque não dava pra entender direito o caminho e tinha uma vila de gnomos entre nós e o prédio. Não era uma vila de gnomos, mas sim os jardins. Aqui vc pode alugar um jardim para satisfazer suas necessidades botânicas se morar num apê. Mas de verdade, as casinhas para guardar o equipamento parecem casinhas de gnomos.

Ufa! Chegamos enfim ao Ikea, pelo lado de trás. Depois de dar a volta conseguimos enfim entrar naquele lugar. Era a visão dos infernos. Descobrimos o porque que Lund ficava deserta no sábado: todos iam ao Ikea. O mais engraçado é que existe um protocolo para usar o lugar, que todos pareciam estar familiarizados, menos nós. E na hora de explicar, a atendente não sabia muito bem o que explicar, pois para ele era como explicar algo muito simples. O primeiro andar, é o show room, onde vc olha o que quer, anota o código num papelzinho e pega no andar de baixo. Algumas coisas estão disponíveis já nesse andar para que vc pegue, geralmente pq estão na promoção e são coisas pequenas. Como eu e o Marcos só queríamos coisas pequenas e vimos um monte delas disponíveis para comprar, pegamos um carrinho e levamos lá pra cima. Só que a moça não explicou pra gente que não podíamos fazer isso e o Marcos ficou levando choque do carrinho o primeiro andar quase todo. Eu não entendi então porque eles colocam coisas para vc pegar no primeiro andar se não te deixam usar o carrinho. Eles querem que a gente carregue na mão?

Ok, passando o primeiro andar, o carrinho parou de nos dar choque e encontramos o restaurante bem no meio entre o show room e o andar de fazer compras. Eu já estava ficando com fome, e lembrando do filme do outro post, o Marcos achou melhor pararmos para comer. O restaurante do Ikea é um bandeijão. A fila era tão grande que eu achei que nunca iríamos comer, fora que só conseguimos entender o que era a comida pela foto, mas não sabíamos se a almôndega era de carne de vaca ou de porco. Eu acabei indo no frango, mas a única coisa que prestou foram as batatas. Realmente não dava pra entender passar todo aquele tempo na fila por aquela comida. Tinha gente com a família inteira. Eles tem até um carrinho para vc carregar 5 bandeijas ao mesmo tempo. Coisa de louco.

Depois de comer, fomos finalmente fazer as compras, mas isso eu só vou contar na quinta, pq senão o post fica grande demais.

2 comentários:

  1. eu me senti igual o Homer, dava alguns passos e "doh" mais alguns e "doh"

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  2. Fico esperando o resto da saga! No Rio e em São Paulo (não sei se tem em Brasília) tem a Etna (origem italiana) que funciona da mesma forma, dois andares e um restaurante no meio. Só que aqui os carrinhos não dão choque,rs.
    bjs
    Jussara

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